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Arquitetos: BOV ESTUDIO
- Área: 8690 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Javier Bravo

Descrição enviada pela equipe de projeto. As novas piscinas de Alfoz em Quintanadueñas, Espanha, estão situadas justo no limite entre a estrutura urbana e rural. Esta implantação, entre residências e campos de cultivo, nos serve de inspiração para traçar as primeiras linhas de um volume que entenderemos como um "filtro" entre o mundo construído e o mundo natural, entre o espaço público e as zonas de banho. Este conceito atua tanto no exterior quanto no interior da edificação, manifestando-se por meio de sucessivas camadas e seguindo uma transição coerente que guia o caminho do visitante da rua até a água.


A envoltória adquire uma proporção horizontal, seguindo o alinhamento da rua. É um elemento separador e longitudinal, mas interrompido (filtro) por aberturas que pontualmente reconectam de forma direta o povoado com o campo. Esses vãos aparecem de uma maneira natural, fruto da separação dos diferentes usos, permitindo organizar e hierarquizar espaços, acompanhando a inclinação própria da rua para garantir acessibilidade universal.


A materialização desta pele exterior é realizada por meio de muros de concreto feitos in loco, novamente interrompidos, desta vez por uma treliça que suaviza a luz no interior. A posição e escala deste elemento, formado por um ritmo de lâminas de aço que acompanha as juntas do concreto, responde de maneira especializada às necessidades e privacidade de cada espaço. Superada a camada exterior, surgem outras novas em seu interior que nos guiam desde a entrada luminosa até o espaço livre natural, através dos vestiários protegidos.



Essas camadas brincam com contrastes entre as áreas de passagem, as áreas molhadas e as áreas secas do vestiário, materializando-se na forma de uma nova pele, mais leve, composta por acabamentos contínuos e cerâmicos. O tom turquesa monocromático dos espaços úmidos internos, inspirado na paisagem aquática, é irrompido diante da textura crua do concreto e da luz natural fragmentada das treliças que compõem os espaços ao seu redor.


Convida-se assim a um percurso visual e sensorial através dessa sucessão espacial, seguindo uma transição intuitiva e coerente que responde ao uso e aos diferentes níveis de privacidade necessários. O cruzamento de olhares entre os diferentes espaços, sua seção transversal, adquire importância ao compreender este projeto diante da horizontalidade.


Atravessado o volume, surge novamente a paisagem natural de Quintanadueñas, desta vez fundida com o jardim e as piscinas. A circulação é agora livre, estabelecendo diferentes áreas onde estar ou transitar, marcadas pela própria disposição das piscinas e seus caminhos, que respondem a uma correta orientação e são construídos novamente com materiais naturais de texturas suaves, buscando a harmonia entre o construído, o natural e a água.
